terça-feira, 27 de julho de 2010

Menos Sal


As revistas da semana circulam com matérias sobre o uso do sal na alimentação.
A gente não precisa sacrificar o sabor, mas pequenas mudanças nos hábitos permitem diminuir o sódio na dieta e torná-la mais saudável.
Não é isso que buscamos? Comer bem e com prazer?


No sal existe o sódio, elemento químico fundamental para o metaolismo das células.
Por ele ser importante e difícil de obter na natureza, a evolução dotou o corpo humano de mecanismos para reter esse sal.
O sal era tão difícil de produzir e tão apreciado que os gregos o usavam como moeda no tráfico dos escravos.
Isso nos primórdios da civilização. Agora as circunstâncias mudaram.

O problema atual é o excesso de sal.
O Institute of Medicine estima que poderíamos sobreviver com 450 miligramas de sal por dia, mas as estatísticas mostram q o consumo diário por pessoa chega a 10 gramas (no Brasil é de 12 gramas!).


Para um grupo de 25 a 30% de pessoas, é grande a dificuldade em eliminar o excesso de sal ingerido. E por causa dessa retenção desenvolvem hipertensão crônica.
Mais de 17 milhões de brasileiros sofrem dessa doença, que força os batimentos do coração, altera a circulação e pode causar derrames cerebrais.

A Organização Mundial de Saúde recomenda consumo inferior a 5 gramas de sal diárias, equivalente a uma colher de chá ou a 5 azeitonas.
Mas o sal está em toda parte e foi incorporado à nossa dieta faz tempo, há cerca de 15 mil anos.
Estima-se que, com as mudanças no estilo de vida, o consumo de sal tenha aumentado 50% desde os anos 70. Muito graças ao consumo de alimentos industrializados, mas tb pelo nosso paladar.
Pesquisadores dão conta de que o sal funciona como antidepressivo, pois ativa o sistema de recompensa do cérebro.

A preocupação em salgar menos está se tornando tão presente quanto os cuidados em relação à gordura e ao açúcar.
Nos restaurantes as mudanças são sutis mas já em andamento. Está se disseminando o uso da flor de sal na finalização das receitas, para manter as propriedades de sabor e reduzir o consumo. O uso de ingredientes já salgados, como presunto cru e castanhas, tb se incorporam aos pratos para dispensar o acréscimo de mais sal.

No Brasil, pesquisadores da USP concluíram que 76% do sódio que ingerimos vem do sal que colocamos na comida, e 15,8% vem dos alimentos industrializados.
Portanto, parece que seriam super importantes campanhas educativas sobre a influência do sal na hipertensão, e não apenas o controle sobre a produção dos industrializados.
Mas, no mês passado, a Anvisa criou normas para restringir a propaganda dos produtos com grande quantidade de sal. As indústrias tem 6 meses para apresentar alertas nas campanhas publicitárias sobre os riscos do consumo excessivo.

Além dos restaurantes, a indústria tb já se mexe no sentido de reduzir o sódio em seus produtos.
A Arcor reduziu de 291 miligramas de sódio a cada 6 bolachas Triunfo para 32 miligramas na nova versão das bolachas. A Unilever lançou um caldo com 25% menos sódio.
O sódio está presente em salgados e doces.
Alguns alimentos campeões são: caldo de carne (2329 mg por tablete), macarrão instantãneo (1364 mg por porção), salsicha (575 mg em cada unidade), bolo industrializado (231 mg por fatia), biscoito de maizena (125 mg em 6 unidades), refrigerante zero (49 mg por lata), e por ae vai.
Isso que a quantidade recomendada por dia é de 2000 mg de sódio!

O desafio é encontrar um substituto à altura pro sal. Em conservas, ele dá sabor e preserva a textura do produto. Na panificação, ajuda na fermentação. Em alimentos ácidos, como a massa de tomate, ajuda na conservação do produto. Nas carnes e derivados, o sal tb ajuda a conservar e dar suculência e consistência.

Preferível buscar alternativas em vez de impor limites irreais que reduzam o sal e o prazer de comer.
Se a vida fica insossa sem sal, com menos sal pode até ficar melhor.

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